O desenvolvimento da autonomia do estudante está previsto na BNCC e permeia a Educação Básica. Veja como!
O desenvolvimento da autonomia do estudante é um objetivo da educação. Afinal, para se tornar um cidadão atuante, ele precisa aprender como fazê-lo a partir de suas experiências e saberes. E, a partir daí, entender como suas decisões e ações afetam a si e aos outros.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) inclui o termo ou conceito na definição de parte de suas competências gerais. E seu desenvolvimento é previsto, em diferentes graus, em toda a Educação Básica.
Autonomia do estudante
A autonomia do estudante se dá em diferentes níveis, de acordo com a etapa em que ele está. Na Educação Infantil, ela se expressa de forma mais física, com o estímulo do desenvolvimento psicomotor. Com isso, a criança passa a conseguir executar algumas tarefas sozinha ao longo do período.
Quando ela passa para o Ensino Fundamental, esse desenvolvimento se expressa de variadas formas. Arrumar o material, saber e realizar os deveres de casa, escrever textos sozinho… Até atingir níveis mais altos no Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio. Nessas etapas, a autonomia passa por fazer análises, relações e conseguir mobilizar os conhecimentos para respaldá-las.
Um ponto importante a se destacar é: se autonomia significa independência, ela também traz responsabilidade. E essa noção de responsabilidade precisa igualmente ser desenvolvida pelos estudantes.
Como aparece na BNCC
Algumas das competências gerais da BNCC destacam a autonomia como uma expertise a ser desenvolvida pelos estudantes. Na BNCC, competência é definida como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
Encontramos o termo diretamente nas competências 6 e 10, essa última específica para o tema.
A competência 6 prevê que o estudante desenvolva autogestão ao longo da Educação Básica. No texto da BNCC, ela é definida da seguinte forma:
“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.
Já a competência 10 é específica sobre o desenvolvimento de autonomia do estudante.
“Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”.
O desenvolvimento da autonomia na Educação Básica
Para cada etapa da Educação Básica, há um grau de autonomia que se espera que o estudante desenvolva. Começa na Educação Infantil, quando ela é mais relacionada a ações que ele consegue praticar sozinho. E segue sucessivamente para Anos Iniciais e Finais do Fundamental e Ensino Médio.
Mas é importante entender que esse desenvolvimento é transversal às áreas de estudo. Não há um componente curricular denominado “autonomia”. Ela é uma competência cujo desenvolvimento é esperado ao final de cada fase da educação.
Na Educação Infantil
Os primeiros anos da Educação Básica são voltados para o desenvolvimento psicomotor, para que a criança consiga praticar atividades sozinha. Além disso, há a intenção de que ela entenda a si e aos demais colegas como sujeitos do mundo.
Nesse sentido, encontramos nos aprendizados esperados para essa etapa muitos voltados para atividades da vida diária como escovar os dentes, pentear os cabelos, vestir-se, tomar banho, calçar sapatos, alimentar-se etc. Outro ponto destacado na BNCC é que, ao final dessa etapa, o estudante seja capaz de coordenar suas habilidades manuais.
Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, as noções de autogestão passam a ser desenvolvidas em outros aspectos além do psicomotor. Nessa etapa, o estudante passa a ser orientado para, por exemplo, arrumar seu material ou fazer as lições de casa.
A área de Linguagens traz muitos aprendizados esperados que preveem o desenvolvimento de autonomia. Compreender textos cotidianos, como de bilhetes, avisos, convites, receitas, instruções de montagem, faturas, carnês, entre outros, será de grande valia para a vida desse estudante. Além disso, é esperado também que ele possa produzir bilhetes, cartas, avisos e até registros de observação diária. Por isso, aparecem entre as habilidades a serem apreendidas nessa fase, em diferentes graus de complexidade.
Também está presente nesse conjunto de conhecimentos a serem conquistados a compreensão de textos literários, narrativas de ficção e até de piadas e anedotas. Interpretação de texto é um foco bastante presente nesta etapa.
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental
Nesta fase da Educação Básica, os desafios passam a ter maior complexidade. Os estudantes precisam se apropriar das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas.
Para isso, é necessário que haja foco na ampliação de seu repertório. E, por isso, a BNCC destaca como importante fortalecer a autonomia desses adolescentes. Isso se dá ao oferecer a esses jovens “condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação”.
No conjunto de aprendizados esperados ao longo desses anos, encontram-se muito as expressões “explicar”, “estabelecer relações”, “analisar”. Não raro, aparece no texto o termo “analisar criticamente”.
Essas expressões demonstram a maior complexidade desta etapa. Não basta compreender os textos e conceitos. É necessário, a partir dos saberes já conquistados, analisar as situações e estabelecer relações entre elas, formando seu próprio ponto de vista.
No Ensino Médio
Na última fase da Educação Básica, há um foco especial em acolher o jovem com sua individualidade e garantir que ele seja protagonista de seu aprendizado.
Para isso, o desenvolvimento de sua autonomia é essencial. Se ele vai construir seu próprio caminho, é necessário que tenha senso crítico, saiba interpretar textos e mobilizar conhecimentos para chegar ao aprendizado efetivo.
“Para formar esses jovens como sujeitos críticos, criativos, autônomos e responsáveis, cabe às escolas de Ensino Médio proporcionar experiências e processos que lhes garantam as aprendizagens necessárias para a leitura da realidade”, enumera a BNCC.
A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê essa construção. No artigo 35, ela coloca como uma das finalidades do Ensino Médio:
“O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.
Dentro desse contexto da formação ética, entenda neste texto a importância da ética na vida em sociedade.